A Vingança do Eu
Em tom envolvente, nosso colega Daniel Modós compartilha reflexões sobre o Eu na pós-modernidade a partir de personagens literários do século passado. A VINGANÇA DO EU Foi acompanhando de perto os devaneios existenciais de Antoine Roquetin em A Náusea de Sartre que, de repente, o déjà vu me acertou: já li este livro antes. A solidão, a estranheza, o descolamento radical de qualquer sentido compartilhado não eram só análogos ao Estrangeiro de Camus (o que faria todo sentido, afinal os dois filósofos eram amigos e com toda certeza discutiram o absurdo da existência em tardes esfumaçadas por cigarros e regadas a café). Não, meu dejá vu não era fruto de uma comparação singular entre dois existencialistas, tive a sensação de que já tinha lido A Náusea muitas outras vezes antes. O personagem Antoine Roquetin, o homem branco, culto, que vive de rendas e flana pela Europa elucubrando sobre o fim de todo sentido é o personagem de Sartre, mas é também o personagem central da ...