O Blog do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes é um dos veículos de comunicação em que circulam informações, produção de conhecimento, experiências clínicas e de pesquisa de seus diferentes membros. A interlocução com o público, dentro e fora do Departamento, é uma maneira de disseminar a troca no campo da Psicanálise e possibilitar a ampliação do alcance das reflexões em pauta. Equipe do Blog: Fernanda Borges, Gisela Haddad, Gisele Senne de Moraes, Lucas R. Arruda e Paula Lima Freire.

quarta-feira, 17 de março de 2021

A Peste e o Mytho

Não se combate o Mito com a Razão. Pode a psicanálise, ao dar lugar ao trágico, nos restituir a responsabilidade por nossa boa democracia? Daniel Modós nos ajuda, com seu texto lúcido, a recolocar alguma ordem nessa história. Para ser lido de olhos abertos.


A PESTE E O MYTHO

Como, desde Freud, sabemos que tentando mandar o problema porta afora ele retorna pela janela, não me surpreendi tanto quando, tentando fugir da desalentadora realidade atual lendo sobre a história das cidades no magistral Carne e Pedra de Richard Sennet (2015 [1994]), me encontrei de cara com o tema da peste, e pior, com o problema da demagogia e do mito. Retratando a Atenas do século V a.C., o autor argumenta que o nascimento da democracia na época de Péricles assentou-se sobre um confronto fundamental, não de todo infamiliar para nós, entre duas formas de discurso: logos e mythos.  O primeiro se opõe ao segundo, visto que o discurso do logos deriva do verbo “legein” (reunir) em que “logos didonai” significa prestar contas frente a uma plateia reunida perante a qual o orador é responsável pelo que diz; exatamente o contrário do  tratamento que recebe o discurso do mythos, no qual o que é dito se refere a um saber externo ao orador, sobre o qual não se tem responsabilidade, patente em frases como “ouk emos ho mitos”, (não inventei isso, apenas ouvi falar por ai). O mythos vem de “outro lugar”, aquele que fala por ele não se responsabiliza, diferentemente do logos, que tem origem no orador em sua função política e social. Os atenienses estavam gravemente cientes dos perigos de uma retórica acalorada que contaminaria seus ouvintes com ideias perigosas, de modo que a responsabilidade pelo discurso do logos em sua função pública se tornou um grande pilar sobre a qual a primeira grande democracia pôde florescer. Apesar dessa inovação fundamental e de estarmos acostumados a louvar as virtudes do logos grego, é importante notar também que o mythos nunca deixou de ter uma função central na vida cívica ateniense organizando rituais que davam sentido à morte, à mudança de estações, à vida sexual. Segundo Sennet, a Atenas de Péricles se organizara como uma sociedade democrática pautada na tensão entre logos e mythos, a qual estruturou os conflitos sociais de um modo democrático nunca antes visto, de maneira surpreendemente estável... Isto é, até a chegada do desastre, da peste.

Em 430 a.C o Coléra chega à Atenas atingindo “primeiro e de maneira mais fatal a estrutura social da cidade, destruindo aqueles cultos que celebravam a santidade da morte” (Pág. 87). Se, como diz Han (Do desaparecimento dos rituais, 2020), as sociedades contemporâneas se caracterizam pela ausência de experiências rituais que forneçam sentido à existência, entendemos que, atualmente, a ausência do discurso do mythos e sua correspondente ritualização desestruturam a experiência social do desastre e da morte: sem o mito, é difícil dar sentido ao desastre da pandemia. Mas, não temam, na peste de 2020-202X nosso muito atual demagogo brasileiro saudado como “o Mito”, surge talvez como tentativa desesperada de alguns, em conformidade com seus ideais conservadores, de reencontrar a estabilidade de uma responsabilidade pelo desastre que recaia “em outro lugar”. Bolsonaro é mesmo o rei da desresponsabilização, do “senso comum” e do “ouvi falar”, que gera desinformação e espalha mentiras e mitos absurdos: sobre a falta de eficácia das vacinas, os efeitos deletérios da máscara, a cloroquina... Seu discurso tem a forma do mythos, uma aparência conservadora de eterna validade, somada a uma evidente desresponsabilização pelo que é dito e feito, muito embora o agravamento da pandemia seja evidentemente de sua autoria. É contra a centralidade do logos e da responsabilidade na vida pública que o bolsonarismo se posiciona. O mythos obscurantista de um “Mito”, de um “Messias” que vai a todos salvar, mas que na verdade nos condena à morte e ao sofrimento, se situa fora da lógica da contradição óbvia, contra a qual o discurso do logos se insurgiria. A luta de Bolsonaro e seus aliados é contra o logos, contra a vida cívica onde se presta contas e dentro da qual a responsabilidade não pode recair convenientemente em outros ou nas circunstâncias.

Seguindo Sennet devemos nos precaver, entretanto, em tentar combater o “Mito” com o logos: ele não joga pelas regras do discurso da lógica. O que Bolsonaro oferece é um discurso aquém da responsabilidade política do logos. Se pretendemos combatê-lo temos de pensar diferente. A democracia de Atenas se sustentava no conflito entre mythos e logos, e talvez em nenhum lugar isso fique tão claro quanto na invenção do gênero literário-teatral que combinava essas duas tendências opostas, a saber, a tragédia. Como diz a helenista Nicole Loreaux (Ética, Companhia das Letras, 2007) a tragédia é o que permite trazer para o campo da pólis o antipolítico – o tabu, a morte, a guerra, a doença, o desastre. É com o artifício dos mitos recontados e do ato dramático que se pode tratar dos temas difíceis da cidade (como a tragédia Os Persas permitiu, por exemplo tratar civicamente dos horrores bélicos em meio aos desastres da Guerra do Peloponeso). A tragédia é um jogo de tensões dentro do qual logos e mythos produzem vida cívica, integrando no seio da pólis aquilo que de outra forma seria impossível de integrar. Conhecendo os paralelos que Freud traçou entre psicanálise e tragédia não é difícil imaginar o papel fundamental de uma produção de resistência a Bolsonaro de fato trágica que nós psicanalistas poderíamos ensaiar. Transformar o desastre que estamos vivendo em tragédia, dar-lhe lugar entre logos e mythos, sem esquecer da importância do ato (drâma) na cena política. A tarefa da psicanálise talvez seja simbolizar socialmente o desastre com discurso responsável (logos), imagens narrativas (mythos), e com a ação (drâma), lembrando que o que estamos vivendo não é um simples trauma sem sentido frente ao qual só restaria um messias, mas sim, um acontecimento trágico dentro do qual há responsabilidade cívica, democrática, não só de nosso líder incompetente, mas de todos nós, cidadãos.

Daniel Modós é psicólogo formado pela PUC-SP e psicanalista. Foi aluno do curso de Psicopatologia Contemporânea do Departamento de Psicanálise do Sedes Sapientiae.

segunda-feira, 8 de março de 2021

HUGO BLEICHMAR (1935-2020)

No Blog um texto bem interessante de Ivan Martins, que escreve sobre o psicanalista argentino Hugo Bleichmar, que morreu em abril de 2020 em Madrid, conhecido entre nós por livros clássicos sobre depressão, narcisismo e perversão, mas também por ser o irmão mais velho de Silvia Bleichmar. Confiram

 

HUGO BLEICHMAR (1935-2020)

Por Ivan Martins

De forma quase despercebida aos seus leitores brasileiros, morreu em Madri, em 03 de abril do ano passado, o psicanalista argentino Hugo Bleichmar, conhecido entre nós por livros clássicos sobre depressão, narcisismo e perversão, publicados na década de 1980. Suas concepções sobre o psiquismo, entretanto, avançaram muito desde então, imprimindo à sua obra um caráter extremamente pessoal, distanciado em vários aspectos da ortodoxia psicanalítica.

Bleichmar era o filho mais velho de um imigrante judeu lituano que chegou sozinho ao porto de Buenos Aires com 13 anos, sem falar uma palavra de espanhol. A personalidade desse comerciante taciturno e infatigável, com gosto pelo debate e dedicado à família, teria uma influência decisiva sobre os três filhos, assim como o temperamento amoroso da mãe, militante do Partido Comunista. A caçula dos irmãos, Silvia, nove anos mais nova que Hugo, se tornaria internacionalmente famosa como psicanalista e ensaísta política. Por ocasião da morte precoce dela, em 2007, ele publicou um texto infinitamente afetuoso – intitulado A generosidade da mãe, o inconformismo do pai1 - no qual falava, carinhosamente, do ciúme que sentia da irmãzinha ruiva e intrépida que contava com a aprovação incondicional do pai. Norberto Bleichmar, o irmão do meio, também é psicanalista.

Formado e doutorado em medicina pela Universidade de Buenos Aires, Hugo Bleichmar seguiu uma trajetória singularmente freudiana: especializou-se em neurologia (estudou o sistema de visão infravermelho das cascavéis), voltou-se à psiquiatria e, concluindo que era “simplista”, chegou à psicanálise, via Freud. Numa entrevista de 2012, gravada em vídeo2, diz que o grande atrativo do freudismo, para além das questões clínicas e teóricas, estava na sua “filosofia moral”, baseada na busca socrática da compreensão do homem por si mesmo. Ele acreditava que a sua formação como psicanalista fora decisivamente influenciada pelo ambiente acadêmico argentino, marcado nos anos 50 e 60 por abertura de ideias e debate. Posteriormente, diria que a geografia é uma espécie de destino quando se trata de analistas: estes carregariam de forma indelével as marcas da cultura psicanalítica em que foram formados, fosse ela francesa, inglesa ou argentina. Bleichmar, a mulher e os três filhos deixaram a Argentina, dias antes do golpe militar de 1976, logo depois que o grupo de formação psicanalítica que ele coordenava, alternativo à Associação Psicanalítica Argentina, atraiu a atenção da polícia pela politização de seus debates.

Emilce Dio Bleichmar, sua mulher desde a militância política universitária, também médica e psicanalista, conta que a família se instalou em Caracas e que ali, numa casa cercada pela natureza, Bleichmar escreveu os três livros que o tornaram conhecido: A depressão, O Narcisismo e Introdução ao estudo das perversões. “Este último”, diz ela, “vendia como churros, porque explicava de forma simples e compreensível o que dizia Lacan em seus Escritos”3.

Em 1984, inquieto com os rumos ditatoriais da política sul-americana e com seu impacto sobre o futuro dos filhos, o casal decidiu se mudar para a Europa. Em Madrid eles montaram sua clínica, criaram uma editora e abriram a Escola de Ensino Livre de Psicanálise (conhecida pela sigla ELIPSIS), que mais tarde seria integrada à Universidade Pontifícia Comillas na qualidade de curso de pós-graduação. Na mesma época, Bleichmar liderou a criação do Fórum de Psicoterapia Psicoanalítica, que tem por objetivo ampliar o diálogo da psicanálise com disciplinas como a psicologia e a neurociência. Em 1999, entusiasmado com as possibilidades da tecnologia, lançou a revista Apertura Psicoanalíticas4, publicada na internet desde então, com acesso gratuito, e se encontra no número 65.

O livro que definiria a visão própria de Bleichmar sobre o psiquismo foi publicado em 1997. Trata-se de Avances em psicoterapia psicoanalítica. Hacia una técnica de abordajes específicos, ainda sem tradução para o português. Nele toma forma a abordagem modular-transformacional, que, amparada na teoria linguística de Chomsky, tenta explicar a complexidade do psiquismo humano pela interação de diferentes fatores motivacionais. O intento de Bleichmar, aclarado num artigo publicado no número inaugural da revista Aperturas5, é ir além de um modelo de inconsciente que considera simplista, baseado apenas na repressão pulsional. “Por nossa parte”, escreve no artigo, “tomando a modularidade como eixo, expusemos em Avances em psicoterapia psicoanalítica um modelo do psiquismo baseado na articulação de componentes e de sistemas motivacionais, módulos que podem ser descritos pela qualidade dos desejos que ativam e pelas estruturas que estão em jogo”.

Assim, haveria, entre outros, um sistema narcisista, um sistema sexual, um sistema de auto conservação e um grande sistema de apego que, interagindo reciprocamente, determinariam a personalidade inconsciente do sujeito, em estreita conexão com os objetos primários. Embora repudiado pela psicanálise, o conceito de apego foi absorvido pela teoria de Bleichmar. Com base nele, escreveu Del apego al deseo de intimidad: las angustias del desencontro6, o artigo pelo qual tinha mais carinho. O sexual-pulsional, tão caro a Freud, torna-se no esquema modular apenas um outro fator motivacional. Bleichmar entendia que Freud oscilara entre visões de um inconsciente modular (complexo) e outro homogêneo (simples) e que a teoria psicanalítica pós-freudiana deveria abraçar decisivamente a complexidade, com consequências sobre a teoria e a clínica.

Essa nova visão, uma espécie de segunda tópica bleichmariana, parece radical, mas aprofunda concepções já presentes em seu livro sobre narcisismo, no qual o amor de si e suas decorrências funcionam como o grande filtro psíquico entre o Eu e a realidade, preponderando sobre os impulsos sexuais voltados ao exterior, que Bleichmar parece reduzir a uma demanda física das zonas erógenas.

Essa tentativa de avanço em relação ao freudismo é a marca de um autor profundamente original, influenciado primordialmente pela observação clínica, que detestava dogmatismos e dizia ser importante estar simultaneamente “dentro e fora” das instituições e escolas psicanalíticas, extraindo de cada uma delas – e mesmo de áreas adjacentes do conhecimento – os elementos necessários para a compreensão e transformação terapêutica do mundo psíquico.

Bleichmar era membro da Associação Psicanalítica Internacional e morreu em sua casa, aos 85 anos, de causas não divulgadas.

Referências:

1.      http://silviableichmar.com/legadohomenaje/Hugo_Bleichmar.html

2.      https://www.youtube.com/watch?v=75uoZSlprzU&feature=emb_logo

3.      http://aperturas.org/imagenes/archivos/ap2020%7Dn000a1.pdf

4.      http://aperturas.org/

5.      http://www.aperturas.org/articulo.php?articulo=1078

6.      http://www.aperturas.org/articulo.php?articulo=0000074

Ivan Martins é psicanalista, aluno do curso de Psicopatologias Contemporâneas do Sedes e autor dos livros Alguém especial e Um amor depois do outro.

terça-feira, 2 de março de 2021

Dorme a cidade. Resta um coração.

O que resta quando não se tem nada a fazer? Inventa-se.

Camila Kfouri nos conta como foi sua experiência na criação da Clínica da Cidade - psicanálise pública, um trabalho necessário.

 

DORME A CIDADE. RESTA UM CORAÇÃO.

por Camila Kfouri

 

A hora era tensa.

Primeiro semestre de 2020.

Medo, angústia e tensão tomando conta.

Nós, psicanalistas aprendendo a atender online. Nós, alunos, aprendendo a aprender online. Trancados em casa. Gente adoecendo e morrendo por todos os lados.

Pandemia e distopia.

Um dia, um paciente que herdei da finada Clínica Pública de Psicanálise, da qual me encontrava órfã desde fevereiro, morador da Ocupação 9 de Julho, me pergunta para onde poderia encaminhar os moradores da Ocupação que se encontravam com graves questões de saúde mental. Acionei os grupos de psicanálise gratuitos em que confiava. Ninguém tinha como atender a esta demanda naquele momento.

Impôs-se a mim o pensamento de que, se não existia solução, teríamos que inventá-la.

Assim nasce a Clínica da Cidade - Psicanálise Pública.

Juntei psicanalistas em quem confiava e que acreditavam na democratização do acesso e transmissão da psicanálise.

Inicialmente um grupo grande, com muitos colegas do Sedes, ex-colegas da Clínica Pública de Psicanálise , uma do Cep e outro do Fórum do Campo Lacaniano. Escolhas muito baseadas no afeto. Pessoas entre as quais eu era o único elo e que se conheciam agora somente pelo zoom.

Chamei Moisés Rodrigues para ser nosso supervisor, por sua larga experiência com a violência de Estado e... novamente,  pelo afeto.

Passamos a nos encontrar semanalmente na tela do computador e a nos preparar como grupo, tijolo com tijolo num desenho lógico, antes de botar nosso bloco na rua.

Nesse processo o grupo foi se formando e nem todo o mundo ficou.

Vivemos as vicissitudes e intensidades de tomarmos corpo à distância e aceleradamente.

Os afetos apaixonados nem sempre dão conta de discordâncias efervescentes. Menos ainda quando colocados em um acelerador de partículas chamado pandemia.

Separações dolorosas e elaboradas a muito custo.

Em outubro nos lançamos à aventura de ir (virtualmente) para a rua.

Começamos com atendimentos individuais e continuos.

Como a complexidade da vida não estava em quarentena, a cidade que nos deu nome e contornos, nos impôs outras demandas.

A cidade não para, a cidade só cresce.

O de cima sobe e o debaixo desce.

Nascia uma clínica na, para e da cidade.

Que pudesse sentir sua pulsação.

Que investisse na psicanálise como algo que possa e mereça ser escutado e escutar.

Que possa ser acessível como uma política pública.

Um direito.

Acessível para quem sofre, para quem quer, e para quem deseja se tornar psicanalista.

Num país quase tomado pelo fascismo, pelo retrocesso, pela antiarte, o antiintelectualismo e a devastação da ciência, nos parecia essencial que pudéssemos resgatar a possibilidade da escuta.

Da reconstrução da importância da cidadania.

Do estar junto.

A clínica da cidade nasce com a ambição de se tornar um espaço de democratização da psicanálise.

Além de nos oferecermos para o povo da Ocupação, criamos um grupo online chamado “Luto à distância”.  Mais uma vez, uma ideia que se impôs a nós.  A imagem dos corpos carregados em caminhões na Itália, os números crescentes de mortos no Brasil e as nossas perdas pessoais, de gente que não poderia ser velada, com famílias e amigos que não poderiam se encontrar e abraçar e chorar juntas nos fizeram ver como urgência o cuidado com os que ficaram. O espaço para elaboração do inominável. Do que não tem palavras nem nunca terá. Vivenciamos juntos a morte da nossa professora Sandra Navarro, de tios queridos, de grandes amigos e até da analista de uma de nós.

Precisamos então criar um dispositivo para dar conta de tanta dor. Um grupo aberto para quem queira.

Só depois, só a posteriori, nos demos conta da ousadia do convite. Convite para que pessoas em carne viva pudessem dizer de seu desamparo virtualmente.

Percebemos que é preciso muita coragem para falar de tamanha dor. Para ser o porta voz do horror.

O grupo é hoje uma construção sólida que acontece quinzenalmente às quintas-feiras.

Logo a seguir veio a concepção do que chamamos de “Mutirão de Escuta”.  “Sessões únicas”. Ou “Consultas Terapêuticas”. Escuta aberta para quem nos procura, com a promessa de uma conversa sem julgamento e que pode se desdobrar em outras. Mas o compromisso é de um encontro.

Encontro este que acreditamos que pode ser uma intervenção importante para quem precisa  de ajuda para pensar formas de construção de saída para tanta angústia e isolamento. Ou queira apenas companhia em suas dores. Falar da vida que anda tão difícil. Contar com uma escuta atenta e dedicada. Ser acolhido e ter suas dores legitimadas.

Acreditamos que assim podemos contribuir com a construção de uma sociedade menos injusta e massacrante em um momento crucial de sua existência.

Não estamos inventando a roda. Muitos passaram por aqui antes de nós.

Mas as condições em que vivemos no Brasil de 2021, nos força sim a reinvenção de dispositivos comunitários. Nos empurra para a construção de vínculos inéditos e de uma psicanálise instituinte.


Camila Kfouri  psicóloga, psicanalista, ex-membra do laboratório de estudos da violência e vulnerabilidade social da Universidade Mackenzie, ex-membra da clínica pública de psicanálise e fundadora da clínica da cidade (nas horas vagas é DJ), aluna do quarto do ano de psicanálise no Departamento de Psicanálise do Sedes. 

A Clínica da Cidade hoje é composta por Camila Kfouri, Daniel Guimarães, Moisés Rodrigues, Myla Verzola, Naira Morgado e Vivian Whiteman.

O grupo “Luto à Distância” acontece quinzenalmente às quintas-feiras (próximas datas 4 e 18/3).

O “Mutirão de Escuta” é acessível através do email clinicadacidadepsicanalise@gmail.com, ou no facebook (https://www.facebook.com/clinicadacidadepublica