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Mostrando postagens de abril, 2020

Morte Seca

Em Morte Seca , Mara Selaibe trata da difícil situação vivida pelos familiares das vítimas do Covid. Ao serem impedidos de viverem devidamente os rituais de despedida, como será possível dar contorno ao trauma da perda? Quais serão as consequências disso? Morte seca Mara Selaibe Enfurnados numa pandemia planetária, estamos em meio a uma ameaça real de morte. Estamos em meio às mortes. Estamos cercados por dados relativos à morte contabilizada nas tabelas e desenhada nos gráficos. E bombardeados pela descrição de um tipo de morte dolorida, sufocante e solitária. Na Itália, uma campanha pela doação de tablets se sustentava no slogan “Direito de dizer adeus”, reduzindo a tragicidade do impedimento a uma despedida real ao direito de encontro virtual para o adeus por imagem. E depois, como se não bastasse, estamos privados das solenidades dos complexos rituais funerários. Velórios só com presença máxima de 10 pessoas, distantes entre si, e que não pertençam ao grupo de risco

As dificuldades de elaboração do luto diante da pandemia da COVID-19

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As dificuldades de elaboração do luto diante da pandemia da COVID-19 Ivone   Honório Quinalha “... Tem circulado uma enorme quantidade de imagens e relatos de como as pessoas mortas em decorrência dessa doença não podem ser veladas e sepultadas com todos os ritos tradicionais às mais diversas religiões e visões de mundo. Caixões lacrados, enterros esvaziados, familiares afastados: não apenas vive-se em isolamento, mas a morte também se dá em total distanciamento, dificultando a ritualização e o trabalho do luto.  O objetivo deste texto é analisar, sob a perspectiva teórica da psicanálise freudiana, as dificuldades relacionadas à simbolização e representação da ausência de pessoas cujas vidas foram ceifadas pelo Corona vírus, impedindo as formas mais usuais de despedida por parte de seus entes queridos. Como, então, elaborar uma perda assim? Em outras palavras, como elaborar uma falta, imposta de forma repentina e traumática, na forma de uma pandemia? Nas últim

Em tempos de pandemia, uma breve reflexão

Inaugurando a série de textos que publicaremos no intuito de contribuir com as leituras e compreensão dos tempos em que vivemos, Luciana P. Venturine Gutierres escreve sobre o mal estar social, sobre a renúncia narcísica e a exigência de trabalho psíquico frente a ela, sobre a dimensão traumática da situação atual. Confiram a seguir "Em tempos de pandemia, uma breve reflexão". EM TEMPOS DE PANDEMIA, UMA BREVE REFLEXÃO Luciana P. Venturini Gutierres Em tempos de pandemia, a possibilidade de reflexão soa como uma brisa fresca em meio ao calor dos acontecimentos, das notícias assustadoras sobre um vírus desconhecido e seus efeitos, das buscas pela cura e prevenção, dos discursos contraditórios de nossos governantes. O imperativo desse momento é “fique em casa”! Um imperativo que carrega insígnias de cuidado consigo, mas também, de cuidado com o outro, com quem se ama. Já dizia Lacan que amar é dar o que não se tem. Em O mal estar na civilização, texto de 19