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Mostrando postagens de maio, 2016

Impasses na clínica da psicose em tempos de ECT

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No clima das comemorações do dia da luta Antimanicomial - 18 de maio - o Blog do departamento apresenta um relato sobre uma intervenção feita no CAPS-Unifesp, cuja equipe conta com a participação de nossos colegas do Departamento de Psicanálise do Sedes Christiana Freire e José Atílio Bombana. Confiram! Foto de Geya Garcia (B.Manicomio, Caracaras, Venezuela)/ Att CC BY 2.0/   https://www.flickr.com/photos/somos2013/8350933293/ Até parece que estamos nos anos 30. Poderia parecer uma discussão extemporânea, mas foi recentemente que nos deparamos com a indicação e permanência do ECT numa reunião clínica de equipe, no CAPS-Unifesp em maio de 2014. Vínhamos tratando um rapaz de vinte anos, encaminhado pela Enfermaria Psiquiátrica, depois de seis meses de tratamento. Durante sua internação, uma situação de agravamento o levou a um quadro catatônico, sendo-lhe indicado o ECT *. Após dois meses, apresentou maior estabilidade, teve alta da Enfermaria e foi encaminhado p

Conversas sobre Psicanálise e Política com Danielle Breyton

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Agradeço o convite do blog que abre uma oportunidade de refletir sobre essa situação tão complexa e mobilizadora que estamos vivendo e impulsiona o árduo exercício de sistematizar uma costura própria. Nos últimos anos, acredito que 2013 seja efetivamente um marco nesse sentido, venho reconhecendo na clínica os traços daquilo que eu prefiro valorizar como uma politização crescente. Muitos relatos de brigas familiares vividas de forma violenta em função de discordâncias políticas. Algumas situações ao redor da mesa, mas muitas outras no campo virtual das mídias sociais, grupos de whatsapp da família e afins. Concordo com a ideia de que existe uma ligação entre os acirramentos de posições e o advento da internet, de maneira ainda não completamente compreendida. É interessante o vocabulário que emerge, como "viralizar", por exemplo, que traz essa dimensão de contaminação tão reconhecível. Também escuto angústias muito intensas e arcaicas ligadas à descontinuidade,

Conversas sobre Psicanálise e Política com Noemi Moritz Kon

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Conversas sobre Psicanálise e Política com Noemi Moritz Kon Sábado logo cedo, em visita ao Museu de Arte de São Paulo, o MASP, recebi uma bela dose de madeleine embebida em chá de tília. Fui conhecer a exposiçã o "Hist órias da infância" (muito boa, aliás), mas não pude deixar de visitar antes o "acervo em transformação" que, depois de 20 anos, recobrou seu formato expositivo original, - "uma ousadia expográfica", nas palavras de Marcelo Ferraz, "descolonizadora" e "democrática", como a descreve o curador Adriano Pedrosa -, com a reutilização dos cavaletes de vidro tal como proposto, já na inauguração do museu, em 1968, por sua arquiteta Lina Bo Bardi. O frequentador adentra um espaço que respira, com suas amplas janelas totalmente desobstruídas, que franqueam o encontro com a cidade, um espaço radicalmente aberto a movimentações livres, sem imposições que levariam a um direcionamento único e absoluto, a um percurso previamente es

Conversas sobre Psicanálise e Política com Maria Aparecida Kfouri Aidar

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O que em 2013 estava mais disperso foi-se definindo numa posição aparentemente maniqueísta. Sabemos que a coisa é sempre maior que a teoria e que o momento é complexo.  Desembocamos em “contra e a favor” do impedimento da presidente e as manifestações recentes foram centradas nesses dois pólos. Após a fachada da luta contra a corrupção cair de forma tragicômica no espetáculo de horror que nosso Congresso ofereceu no fatídico domingo da votação da indicação do impedimento, algumas pessoas de boa vontade e bom senso tiveram que rever pelo menos algo em suas posições. Será que isso se mantém? Que força tem a sociedade civil nesse momento? Como é possível resistir e combater a repetição, o eterno retorno do poder e a riqueza concentrados nas mãos de tão poucos? Mesmo que se tenha uma posição definida, mesmo que as cartas do jogo político estejam marcadas, já que o impeachment parece definitivo, quem sabe ao certo onde isso vai dar?.Podemos apenas conjecturar suposições. Não há ma

Conversas sobre Psicanálise e Política com Mara Caffé

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Analistas cidadãos da polis De que modo as manifestações políticas ingressam em nossos atendimentos clínicos?Frente aos relatos dos analisantes e aos ruídos agitados das ruas, como procedem os analistas? Reconhecem o assunto em sua dimensão de experiência social compartilhada ou as tratam apenas como um tema secundário e encobridor de problemáticas mais substanciais? Damos lugar ao ódio, violência, vitalidade e engajamento vividos nas ruas?  Uma coisa parece certa: quanto mais o psicanalista toma parte na cena política do mundo, mais os acontecimentos da rua adentram o seu consultório, possibilitando e alargando os efeitos da análise. Tenho visto, com satisfação, manifestações crescentes dos analistas com respeito aos temas sociais e políticos que marcam profundamente a sociedade brasileira. Dias atrás, tivemos a manifestação de psicanalistas sediada na USP em apoio à democracia. Organizamos recentemente, em nossa casa, eventos abertos aos profissionais, militantes e instituiçõ