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Mostrando postagens de abril, 2018

As outras línguas da psicanálise (sobre o evento “Questões sociais e políticas na história da psicanálise”)

As outras línguas da psicanálise  (sobre o evento “Questões sociais e políticas na história da psicanálise”) Nos anos 70, quando foi fundado, o curso de psicanálise do Sedes era muitas vezes chamado de  “alternativo”. Era um termo criticado, pois colocava-nos em uma oposição desnecessária a outras formações. Mas, de fato, fomos a primeira alternativa de formação fora da IPA. Estar no Sedes sempre  teve a ver com o desejo de conexão com uma psicanálise ligada a movimentos de vida e criação, inserida na luta por um mundo melhor e pelos direitos humanos. Naquele momento pensava-se em uma psicanálise militante e procuravam-se as relações entre marxismo e psicanálise. Havia um grupo de psicanalistas argentinos que fundara o movimento Plataforma, procurando estruturar um pensamento sobre uma clínica que se articulava com questões políticas e sociais. Muitos desses argentinos juntaram-se a nós. Acreditávamos que a simples escolha de um lugar regido pela Carta de Princípios que preg

Evento "Questões Sociais e Políticas na História da Psicanálise: ontem e hoje"

No evento “Questões sociais e políticas na história da psicanálise: ontem e hoje” que ocorreu no último dia 3 de março, um dos convidados, Marcelo Checchia, trouxe a baila a obra e a história de Otto Gross, seus estudos psicanalíticos e seu posicionamento político para lá de polêmico para os dias atuais, que dirá para sua época, final do século XIX, início do XX. Sua fala nos fez refletir sobre as seguintes questões: o que motiva a intensificação de um interesse pela iluminação de certas obras anteriormente obscurecidas? E, antes, o que motivou esse obscurecimento? A história de Otto Gross tem vários aspectos em comum com outros excluídos, como Adler, Stekel, Tausk, Rank e Ferenczi. Considerado inicialmente promissor e inteligente, é visto posteriormente desviante a partir de suas posições. Gross formulou propostas que aproximavam a Psicanálise com as ideias de Nietzsche. Através de uma nova ética pautada em Nietzsche e no método psicanalítico, escreveu “A psicologia do inconscien

Nova coluna “Livros da minha vida”

É com satisfação que inauguramos nossa nova coluna “Livros da minha vida”. Superlativo assim. Nossa intenção é que possamos conhecer um pouco, de maneira autobiográfica, como se faz um psicanalista a partir de suas leituras.  Iremos aqui convidar psicanalistas a visitar suas memórias e compartilhar conosco suas transferências. O pedido é que cada um possa nos contar sobre livros, textos ou autores, de psicanálise ou não, que são parte importante de sua vida. E para estrearmos em grande estilo, convidamos a psicanalista Maria de Fatima Vicente, que escreve sobre “Um distúrbio de memória na Acrópole”, de Freud, escrito em 1936. Maria de Fátima Vicente,  psicóloga e psicanalista, trabalha em consultório privado desde 1978. Professora do Curso de Psicanálise desde 1992,  é Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae desde sua fundação até a presente data.  Mestre em Psicologia e Doutora em Ciências Sociais, autora de “Psicanálise e Música – Aproximações”,