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Mostrando postagens de 2022

Mundo Indígena: o que vive em nós

Ontem choveu no futuro . A poesia de Manoel de Barros fornece uma bela condensação para retratar o relato de nossa colega Eva Wongtschowski sobre o evento Mundo Indígena: o que vive em nós , ocorrido em junho deste ano. O passado no presente assentando um futuro, um presente que organiza passado e possiblidades de futuro, um futuro que construímos no presente com o que fazemos de nosso passado. No a posteriori da elaboração, o texto de Eva nos impacta com as potentes reflexões que circularam no evento. Boa leitura no Blog!   MUNDO INDÍGENA: O QUE VIVE EM NÓS O evento, realizado em 25 de Junho de 2022, com abertura de Fátima Vicente e Gisela Haddad, contou com a participação de: Lucila Gonçalves, psicóloga e psicanalista mediando a mesa; Juliana Rosalen, antropóloga; Renata Tupinambá, jornalista, produtora, artista visual; e Luiz Bolognesi, cineasta (Ex-Pajé, A Última Floresta, entre outros). Vale lembrar que o Grupo Debates da Revista Percurso, organizador do encontro, public

Marte Um e o Brasil Visto de Dentro

  Ao resenhar Marte Um, filme de Gabriel Martins que nos representará no Oscar 2023 e que está em cartaz em São Paulo , Ivan Martins descreve lindamente o encantamento e o impacto humanizador que o filme produz ao nos revelar o Brasil colonizado que insistimos em esquecer.   MARTE UM E O BRASIL VISTO DE DENTRO Li, faz alguns anos, uma pesquisa americana que dizia que irmãos, mais do que pai e mãe, são a maior influência sobre a vida de cada um de nós. Como psicanalista, informado do papel essencial dos pais na formação da personalidade, faria hoje uma ressalva à conclusão da pesquisa: os irmãos talvez exerçam grande influência sobre as nossas escolhas conscientes, aquelas de que a gente se lembra e pode agradecer ou lamentar. Os pais estão instalados num lugar mais profundo em nós. Marte 1, o filme do mineiro Gabriel Martins que vai representar o Brasil no Oscar, ilustra lindamente a relação entre irmãos. O menino Deivinho compartilha com sua irmã mais velha, a universitária

René Roussillon: novos e velhos paradigmas da Psicanálise

Nossa colega Camila Junqueira tece reflexões sobre o encontro virtual com René Roussillon, organizado pelo Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP) em 17/09, lembrando-nos sobre a importância do pensamento deste psicanalista contemporâneo. Camila nos recorda também do evento online "O Lugar do Corpo nas Patologias Narcísicas com René Roussillon", organizado pelo Departamento de Psicanálise, que acontecerá em 08/10/22   RENÉ ROUSSILLON: NOVOS E VELHOS PARADIGMAS DA PSICANÁLISE No dia 17 de setembro, René Roussillon, professor da Universidade Lumière Lyon 2, que se dedica há mais de 40 anos aos estudos dos sofrimentos narcísicos-identitários em diversos contextos clínicos, fez uma palestra intitulada Rumo a novos paradigmas para o pensamento e a prática psicanalítica, a convite do Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP). Acompanhar seu pensamento é sempre uma experiência gratificante. Partilhamos de preocupações semelhantes no que tange a teoria e a clínica de pacientes-lim

O coração embalsamado e o movimento negro: relato do lançamento do documentário “Afirmando a vida”

De forma poética e sensível,  Miriam  Chnaiderman , essa cineasta da diferença, descreve o importante debate sobre seu último Documentário – Afirmando a vida - ocorrido no dia 30 de agosto no Sesc Pinheiros, com a presença de Ana Lúcia Silva Souza, Deivison Mendes Faustino e Fabiano Maranhão. Não percam.    O CORAÇÃO EMBALSAMADO E O MOVIMENTO NEGRO: RELATO DO LANÇAMENTO DO DOCUMENTÁRIO “AFIRMANDO A VIDA” Miriam Chnaiderman “ Um coração embalsamado em formol” ... é essa a resposta que Ana Lúcia Silva Souza dá à pergunta que Fabiano Maranhão fizera: “ O que os negros têm a comemorar nesse duplo centenário da Independência?” Resposta contundente e amarga. E verdadeira.  Essa pergunta encerrava o debate que aconteceu após a exibição do documentário “Afirmando a vida”, que dirigi. Era o lançamento presencial, que aconteceu no SESC Pinheiros no dia 30 de agosto. Uma terça-feira gelada que não impediu que as pessoas interessadas e militantes comparecessem para assistir e debater. U

Depois de 11 de agosto

No post de hoje Cida Aidar escreve sobre o ato  de 11 de agosto no Largo São Francisco em prol da democracia. Um momento de esperança e de exaltação de Eros. Cida busca destacar o que representou o ato do dia 11 e nos convida a pensar sobre o futuro, sobre o depois.     DEPOIS DE 11 DE AGOSTO A festa foi bonita, pá! Tive que começar assim, abrasileirando o verso de Chico Buarque, para descrever em poucas palavras o que foi a manifestação pela Democracia e pelo Estado de Direito Sempre! Expressão comum, suprapartidária, que uniu gregos e troianos e pretos e brancos e indígenas e ricos e pobres numa manifestação que deixou bem claro que não vamos nos curvar aos golpes e autoritarismos do fascismo, dessa extrema-direita canhestra, tosca, desses milicianos que nos governam até o fim deste ano – no máximo, esperamos. Os movimentos, as associações, as universidades e todas as pessoas que estavam nesse onze de agosto de 2022 dentro e fora da Faculdade de Direito da Universidade de Sã

A Supressão do outro e o Necromovimento

Como explicar um assassinato a queima roupa num clube privado de São Paulo ou um atropelamento no estacionamento ao lado de uma 'balada' num bairro 'nobre' da cidade? Ivan Martins discute a violência como fenômeno que acompanha a história do Brasil e agora adentra o campo social e cultural da classe média.    A SUPRESSÃO DO OUTRO E O NECROMOVIMENTO Desde quando nos tornamos uma nação de assassinos? Embora retórica, a pergunta poderia ser respondida de forma simples: desde sempre. Os portugueses chegaram às nossas praias em 1500 para assassinar uma quantidade incalculável de homens, mulheres e crianças indígenas. Foi uma guerra de extermínio pela terra que, a rigor, ainda não acabou. Os mesmos portugueses trouxeram para o matadouro da escravidão 4,8 milhões de africanos, com a ajuda inestimável, a partir do século XIX, da elite econômica e política brasileira. Depois disso houve o genocídio da Guerra do Paraguai, o massacre em Canudos e incontáveis episódios de

O sentido de um tempo: para sempre e nunca mais

Inspirada pela visita ao  Museu de Arte Osório César , sediado no Complexo Juqueri, nossa colega Soraia relembra suas experiências no campo da saúde mental nos anos de 1984/5, período em que o Brasil passava pelo processo de redemocratização. Nesse belo texto a autora nos fala de ações voltadas aos direitos humanos, de memória e da restauração da possibilidade de sonhar.     O SENTIDO DE UM TEMPO: PARA SEMPRE E NUNCA MAIS Soraia Bento Nos longínquos anos 1984/5 um grupo de jovens universitários que cursavam Psicologia e Medicina, reuniu-se nos porões da FMUSP com um desejo vivo de refletir sobre os caminhos que a área da saúde mental poderia percorrer em um Brasil sob processo de redemocratização. Éramos muito jovens, tínhamos nascido sob as garras da ditadura civil militar e alimentávamos o sonho de viver em liberdade de pensamento com garantia de direitos na diferença. Essa era a perspectiva que orientava nossos olhares, nossos autores estudados e nosso desejo de iniciarmos u

Era uma vez Pindorama

Mara Selaibe, comenta sobre a importante iniciativa do Departamento de Psicanálise do Sedes de aproximação e de escuta da questão indígena inaugurada pela Revista Percurso que incluiu o tratamento do tema na publicação de número 66 e o evento "Mundos indígenas: o que vive em nós?" realizado no final de junho pelo Grupo da seção Debates de Percurso. Era uma vez Pindorama Mara Selaibe   “E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto Quando terá sido o óbvio”  (Um índio, Caetano Veloso, 1977 ) Pindorama: Terra das Palmeiras em tupi-guarani, língua das tribos litorâneas originárias.   Desde que os Pataxó foram abordados pela invasão das caravelas portuguesas e seus 1400 homens desembarcaram, nunca mais Pindorama pode ser Terra livre dos Males . São 522 anos de extermínio e de sofrimentos atrozes; não seria viável neste espaço recuperar dados que os livros escolares de História jamais con

Escuta Ocupação

Nessa semana, nossa colega Fernanda Franceschi nos apresenta a clínica Escuta Ocupação, criada no início da Pandemia com intuito de formar   uma rede de atendimentos aos moradores do MSTC e adjacências. Um movimento de um grande sim das clínicas públicas e da ocupação dos territórios psíquicos. Como diz Milton na canção: “Caminhando pela noite de nossa cidade, acendendo a esperança e apagando a escuridão”. Vida longa ao Escuta! ESCUTA OCUPAÇÃO O Escuta Ocupação [1] é um dispositivo clínico criado em abril de 2020, no início da pandemia de Covid-19, para realizar atendimentos individuais, gratuitos e online para moradoras e moradores das Ocupações Nove de Julho, José Bonifácio, São José, São Francisco, Santo Antônio e Casarão, localizadas na região central da cidade de São Paulo. A maioria do(a)s usuário(a)s nunca tinha tido acesso à uma terapia, muitos não têm um local onde possam fazer a sessão com privacidade. Algun(ma)s moradore(a)s passaram pelo projeto pontualmente, usando