O Blog de Departamento conversa com Danielle Breyton sobre a III Jornada Corpos, Sexualidades, Diversidades que acontecerá nos dias 19 e 20 de junho no Departamento de Psicanalise do Sedes


O Grupo do Feminino é um dos mais antigos do Departamento de Psicanálise, apesar disso, trabalha com temas que não se esgotam, ao contrário, sempre se renovam trazendo questões atuais. Como você descreve a história do grupo bem como suas pesquisas?

O grupo, apelidado no âmbito do Departamento de Psicanálise de “Grupo do feminino”, tem na verdade um nome mais extenso que carrega seus fundamentos: Grupo de trabalho e pesquisa: o feminino no imaginário cultural contemporâneo, em que essa marca de renovação se insere. Ao propô-lo como um grupo de pesquisa em 1996, a intenção de Silvia Alonso era mesmo dar ênfase à ideia de nos mantermos atentos para pesquisar os desdobramentos do feminino no imaginário cultural e com isso fazer trabalhar a psicanálise frente às novas figurações que emergem no campo social e na clínica. Assim surgem no grupo os temas de nossas pesquisas, a partir dos quais escolhemos a bibliografia que nos ajuda a desdobrá-los. Nos alimentamos também através de discussões sobre manifestações artísticas, questões do campo da política, atenção ao que circula pela mídia.
No inicio a pesquisa se manteve sobre a temática do feminino na literatura psicanalítica, como uma forma de criar a cultura do grupo. Pudemos com isso constituir uma base comum, a partir da qual os temas das pesquisas se desdobraram. Elegemos por exemplo, ainda no inicio, uma pesquisa coletiva sobre a anorexia, também com o intuito de sedimentar um estilo próprio de pesquisa do grupo, que acabou por encontrar também desdobramentos mais pessoais, em função de interesses e inquietações singulares.
Há alguns anos as pesquisas se desenvolvem em subgrupos que se articulam por interesses e afinidades, e o coletivo se mantem para discutir as produções, os impasses teóricos, a delimitação da questão da pesquisa, ou ainda as questões interinstitucionais de determinadas pesquisas. É assim que as pesquisas em andamento vão se desdobrando em novos desafios ao grupo. No momento as pesquisas em curso são: gravidez na adolescência, materno na clinica, reprodução assistida, menopausa, a transgeracionalidade e suas manifestações no corpo, e a histeria em suas atualizações.

A I Jornada sobre o feminino ocorreu em 2001, a II em maio de 2007 e teremos em 2015 a III Jornada intitulada "Corpos, Sexualidades, Diversidade". Todos os eventos contam com desafiadores temas de vanguarda. O que a III Jornada traz como novas discussões?
A temática da III Jornada Temática é um aglutinador de nossas discussões nos últimos anos de trabalho, quando nos debruçamos sobre a questão do gênero e seus desdobramentos a respeito das identidades sexuais, sobre os discursos da medicina e as intervenções no corpo, sobre a emergência de novas problemáticas clínicas, e também sobre os novos arranjos subjetivos. São questões atuais e importantes para a psicanálise, que se impõem de forma instigante para o grupo. São elas a teoria das diferenças, o modelo fálico, o lugar do Édipo como ordenador, a problemática da castração, enfim o coração da psicanálise. Este foi o motor de nossa proposição. Procuramos abrir o tema em “Corpos, sexualidades, diversidade” no intuito de dar uma abrangência receptiva aos trabalhos, e multiplicar a discussão através de diferentes abordagens.
Os nomes das mesas dão uma ideia das discussões porvir:  A estética e as novas sexualidades; O poder, os discursos do saber e o corpo da mulher; Olhares sobre a sexualidade; Sexualidade e Gênero; Efeitos do materno; Reviravoltas da feminilidade; O que muda e o que permanece; Corpo da mulher: Resistência e Suporte; Caminhos do desamparo e Matrizes do psiquismo.
Mas o que virá como discussões… é o que vamos ver!


Comente algo interessante ou curioso acerca da nova Jornada.
Acho que vale ressaltar a mesa de fechamento da Jornada, com um debate sobre o filme de Miriam Chnaiderman De gravata e unhas vermelhas, que pretende abrir a discussão para além da psicanálise. Consideramos que, cansados da maratona de trabalho, valeria nos abrirmos para outros olhares. Não foi tarefa fácil pensar sobre os nomes que comporiam essa mesa. Decidimos compartilhar com Miriam Chnaiderman  para encontrar interlocutores que conduzissem a uma discussão rica, diversa, mas também refrescante.  Ficamos bem felizes e satisfeitos quando Bia Abramo e José Miguel Wisnik aceitaram nosso convite.
Vale dizer ainda que foram feitas muitas tentativas de encontrar uma maneira de exibir o filme de forma a garantir que todos os participantes da jornada pudessem assisti-lo. Temíamos, como continuamos temendo, que embora devidamente esclarecido no material de divulgação, as pessoas contassem com a exibição do filme na Jornada. Frente a isso a Miriam se dispôs a fazer, especialmente para a Jornada, uma edição do filme, com duração de 20 minutos. Acreditamos que assim contemplamos aqueles que não puderam assistir ao filme, como também ganhamos um ótimo disparador para a conversa.

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