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Mostrando postagens de agosto, 2022

Depois de 11 de agosto

No post de hoje Cida Aidar escreve sobre o ato  de 11 de agosto no Largo São Francisco em prol da democracia. Um momento de esperança e de exaltação de Eros. Cida busca destacar o que representou o ato do dia 11 e nos convida a pensar sobre o futuro, sobre o depois.     DEPOIS DE 11 DE AGOSTO A festa foi bonita, pá! Tive que começar assim, abrasileirando o verso de Chico Buarque, para descrever em poucas palavras o que foi a manifestação pela Democracia e pelo Estado de Direito Sempre! Expressão comum, suprapartidária, que uniu gregos e troianos e pretos e brancos e indígenas e ricos e pobres numa manifestação que deixou bem claro que não vamos nos curvar aos golpes e autoritarismos do fascismo, dessa extrema-direita canhestra, tosca, desses milicianos que nos governam até o fim deste ano – no máximo, esperamos. Os movimentos, as associações, as universidades e todas as pessoas que estavam nesse onze de agosto de 2022 dentro e fora da Faculdade de Direito da Univ...

A Supressão do outro e o Necromovimento

Como explicar um assassinato a queima roupa num clube privado de São Paulo ou um atropelamento no estacionamento ao lado de uma 'balada' num bairro 'nobre' da cidade? Ivan Martins discute a violência como fenômeno que acompanha a história do Brasil e agora adentra o campo social e cultural da classe média.    A SUPRESSÃO DO OUTRO E O NECROMOVIMENTO Desde quando nos tornamos uma nação de assassinos? Embora retórica, a pergunta poderia ser respondida de forma simples: desde sempre. Os portugueses chegaram às nossas praias em 1500 para assassinar uma quantidade incalculável de homens, mulheres e crianças indígenas. Foi uma guerra de extermínio pela terra que, a rigor, ainda não acabou. Os mesmos portugueses trouxeram para o matadouro da escravidão 4,8 milhões de africanos, com a ajuda inestimável, a partir do século XIX, da elite econômica e política brasileira. Depois disso houve o genocídio da Guerra do Paraguai, o massacre em Canudos e incontáveis episódios de ...

O sentido de um tempo: para sempre e nunca mais

Inspirada pela visita ao  Museu de Arte Osório César , sediado no Complexo Juqueri, nossa colega Soraia relembra suas experiências no campo da saúde mental nos anos de 1984/5, período em que o Brasil passava pelo processo de redemocratização. Nesse belo texto a autora nos fala de ações voltadas aos direitos humanos, de memória e da restauração da possibilidade de sonhar.     O SENTIDO DE UM TEMPO: PARA SEMPRE E NUNCA MAIS Soraia Bento Nos longínquos anos 1984/5 um grupo de jovens universitários que cursavam Psicologia e Medicina, reuniu-se nos porões da FMUSP com um desejo vivo de refletir sobre os caminhos que a área da saúde mental poderia percorrer em um Brasil sob processo de redemocratização. Éramos muito jovens, tínhamos nascido sob as garras da ditadura civil militar e alimentávamos o sonho de viver em liberdade de pensamento com garantia de direitos na diferença. Essa era a perspectiva que orientava nossos olhares, nossos autores estudados e...

Era uma vez Pindorama

Mara Selaibe, comenta sobre a importante iniciativa do Departamento de Psicanálise do Sedes de aproximação e de escuta da questão indígena inaugurada pela Revista Percurso que incluiu o tratamento do tema na publicação de número 66 e o evento "Mundos indígenas: o que vive em nós?" realizado no final de junho pelo Grupo da seção Debates de Percurso. Era uma vez Pindorama Mara Selaibe   “E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto Quando terá sido o óbvio”  (Um índio, Caetano Veloso, 1977 ) Pindorama: Terra das Palmeiras em tupi-guarani, língua das tribos litorâneas originárias.   Desde que os Pataxó foram abordados pela invasão das caravelas portuguesas e seus 1400 homens desembarcaram, nunca mais Pindorama pode ser Terra livre dos Males . São 522 anos de extermínio e de sofrimentos atrozes; não seria viável neste espaço recuperar dados que os livros escolares de História jamais...