Encontro com a Polifonia Ferencziana
O Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi - GBPSF recepcionou aqui
em São Paulo, nos dias 29 de maio a 1 de julho, a 14ª A Conferência
Internacional Sándor Ferenczi. Alguns colegas do nosso Departamento que
pertencem ao Grupo de Trabalho e Pesquisa do Ferenczi - Comunidade de
Destino estiveram lá e escreveram um texto para o Blog contando como foi o
evento. Vejam a seguir!
ENCONTRO COM A POLIFONIA FERENCZIANA
O Grupo Brasileiro de
Pesquisas Sándor Ferenczi - GBPSF abraçou e entusiasmou a todos com a histórica
14ª Conferência Internacional Sándor Ferenczi. Com maestria e organização
impecável, o evento reuniu durante quatro dias, de 29 de maio a 1º de junho,
mais de 900 participantes, 260 trabalhos aprovados, além dos palestrantes
internacionais e brasileiros convidados.
Numa atmosfera de
implicação e compartilhamento entre todos, o tema Psicanálise entre Catástrofe
e Criação: Perspectivas e Movimentos, suscitou muito interesse. O mote foi
preciso para convergir o pensamento político e teórico-clínico psicanalítico de
Sándor Ferenczi com os fenômenos contemporâneos. A aproximação de clínicos,
acadêmicos, pesquisadores, estudantes e colegas de outras áreas de
conhecimento, reunidos no Mackenzie em torno de variadas conferências, mesas de
debates e painéis, proporcionou aos participantes a multiplicidade de caminhos
percorridos pelos trabalhos apresentados, potencializando a mistura de vozes de
diversas gerações, regiões e realidades culturais.
Sustentando esta
pluralidade, estão os pioneiros que puderam contribuir com a transformação
social de seu tempo: especialmente a interlocução Freud e Ferenczi, intensa e
profunda no exercício de suas atividades de transmissão da psicanálise e da
clínica psicanalítica, marcadas por um despertar social com as movimentações
políticas e sociais do período entreguerras.
Desse modo, a 14ª
Conferência revisita e ressalta a potência e pertinência do pensamento
Ferencziano para iluminar novos desenvolvimentos teórico-clínicos psicanalíticos,
reafirmando, sobretudo, a sua concepção de trauma, a alteridade, o
reconhecimento e formulações sobre a sua técnica.
É importante destacar a
figura da “mistura”, que ao reunir diferentes autores viabilizou o diálogo
fecundo e inovador. Assim, psicanalistas e acadêmicos do exterior desde a
tradição Ferencziana húngara e espalhada por outros países e pesquisadores,
clínicos, estudantes de vários estados do Brasil convergiram na consistência e
na transmissão de uma Psicanálise potente e atenta à atual e crescente tensão
social.
Escutamos sobre a
Psicanálise individual e institucional que se estende à rua, articulada com as
movimentações sociais contra as violências decorrentes das desigualdades
sociais, racismo, questões de gênero, questões dos povos originários no
enfrentamento com a escalada neoliberal.
Os sofrimentos atuais
estão forjando práticas psicanalíticas, inspiradas nas ideias de Ferenczi, a
partir da conceituação de uma ética do cuidado e da sensibilidade ao sofrimento
do outro, sem hipocrisia, para o enfrentamento destas catástrofes.
Alguns integrantes do
Grupo de Trabalho e Pesquisa do Ferenczi -Comunidade de Destino do Sedes,
apresentaram trabalhos com temas diversos: Um Elogio à Dissidência, A Potência
do Encontro Interracial no Espaço de Formação Psicanalítica: Transgredindo os
Pactos de Silenciamento, Desvitalização: Colapso do Sonhar?, Testemunhando a
Perda, Sonhando a Morte, O Desafio da Comunicação em Psicanálise, Andanças com
Sándor Ferenczi pelas periferias de São Paulo, Realidade psíquica, Realidade
subjetiva, Imbricações da Clínica Contemporânea e as Incertezas Socioculturais,
A Delicada Tessitura do Laço de Filiação por Adoção, Arte e Luto: uma
articulação possível em Tempos Pandêmicos? Trauma e Narrativa: sobre a Empatia
como ferramenta do Devir em análise, Apontamentos para uma Educação da
Agressividade, Possibilidades de Integração de Experiências Traumáticas a
partir da Inclusão do Campo Sensorial no Encontro Analítico: Uma Aproximação
entre Ferenczi e Winnicott.
Estas e tantas outras
apresentações seguiram a perspectiva de Ferenczi visando a pluralidade,
rompendo com as dicotomias “ou isto ou aquilo”, a começar pela natureza/cultura,
e corpo/mente, mundo interno / externo, progressão/regressão, criação/destruição,
como indicam concepções de bioanálise e do método utraquista.
Muitos desafios se
colocam nesses tempos sombrios para escutar e cuidar dos traumas individuais e
coletivos. Ferenczi aposta na capacidade plástica da vida e da criação. Aposta
inspiradora para práticas psicanalíticas inventivas!
Agradecemos a todos
organizadores envolvidos nesse encontro precioso, especialmente nossos
companheiros da Comunidade de Destino: Eugênio Canesin Dal Molin, Camila
Flaborea, Debora Albiero e Renata Cromberg, além de Daniel Kupermann e Jô
Gondar, que presidem o GBPSF.
Denise Cardoso
Cardellini, Maria Luiza Maia, Vitória Gabay de Sá - Membros
do Grupo de Trabalho e Pesquisa de Sándor Ferenczi: Comunidade de Destino do
Departamento de Psicanálise do Sedes Sapientiae.
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